O QUADRO E A PAREDE
A professora de psicologia chega pra turma de novatos naquela primeira aula do curso e, após deitar os livros sobre a mesa, foi logo perguntando diretamente aos universitários estreantes: “O que é que vocês estão vendo na parede desta sala?”
Um silêncio sepulcral tomou conta do lugar por um momento até que um dos mais decididos da turma falou: -“ Eu vejo um quadro...”
De fato, naquela parede não havia mais nada pendurado do que um solitário quadro. A professora, então, acrescentou: “Vocês vêm mais alguma coisa?” Aí, um segundo voluntário, respondeu: “Eu vejo a parede”. Os alunos, então, não resistem aquela resposta e exteriorizaram uma sonora gargalhada. “Excelente observação”, comentou a professora, sem poder disfarçar no rosto um ar de satisfação.
“Existem – continuou a professora – muitas ocasiões em que reparamos só nos detalhes e esquecemos o todo, o que, objetivamente falando, é o mais importante e verdadeiro”. Ser inteligente leva ao conhecimento da verdade maior e, só a partir dela, poderemos concluir o melhor e mais acertado diagnóstico”.
Hoje, na “parede” do mundo, os 7,7 bilhões de habitantes que vivem no planeta terra experimentam a opressão dessa pandemia virótica avassaladora. Nela, observamos um “quadro” de medidas transbordantes, cujo conteúdo aparece como uma pintura expressionista: tem no centro do quadro uma espécie de minúsculo polvo raivosamente colorido, sustentando vaidosamente uma coroa na cabeça, chamado de coronavírus. Ao redor dele, há um exército de pessoas querendo vencê-lo e exterminá-lo; são, na sua maioria, os soldados valentes que estão arriscando a sua vida numa batalha longa e exausta. Simultaneamente, aparecem deitados e sem vida milhares de vítimas. O quadro poderia levar como título “A morte”.
Sejamos inteligentes e não esqueçamos o que a maioria das pessoas está omitindo hoje nas suas vidas: a parede, o Todo, onde esse vírus está pendurado. Pois por trás do coronavírus existe outro vírus mais mortífero e fatal: o pecado. Ele leva à morte eterna. E, embora, haja antídoto contra ele (a confissão, viver na graça de Deus), quando nos omitimos em tomar a sua vacina correspondente, corremos o perigo do afastamento do Todo, do eterno de Deus. Nele somos, nos movemos e existimos.
Qualquer um de nós pode ser vítima do coronavírus e, então, o nosso destino natural seria o cemitério... mas e o depois? Como é que fica? Chega de sermos medrosos e desonestos e vamos ao foco principal, pois não é justo amputar a fé na nossa vida... Isso teria um final eternamente infeliz.
Frei João Antonio Espejel, OAR