Frei Sérgio Peres
OAR
No final do mês de março houve a chegada de um novo vigário em nossa Paróquia, trata-se de frei Sérgio Peres!
Para ajudar os paroquianos a conhecerem melhor o novo frei, nós da Pastoral da Comunicação o convidamos para um bate-papo, no qual ele nos falou um pouco sobre sua jornada até chegar aqui em nossa Paróquia.
Acompanhe nossa conversa:
- Me fala sobre você, faça uma apresentação pessoal!
Meu nome é Sérgio Peres de Paula, nasci no interior de Minas Gerais, no Sul de Minas, em uma cidade chamada Alpinópolis, conhecida como Ventania, mas eu fui criado próximo em uma cidade próxima chamada Carmo do Rio Claro, fiz o curso de filosofia em Franca (SP) no seminário Nossa Senhora Aparecida dos Agostinianos Recoletos, o meu noviciado foi na Fazenda do Centro, em Castelo (ES), e o curso de teologia em São Paulo, enquanto formação religiosa, basicamente, esse foi o trajeto.
Eu venho de uma família grande para os padrões de hoje, uma
família grande, mas não tão grande quanto a da minha avó, uma das minhas avós
teve 14 filhos. A minha mãe teve 8 filhos, dois faleceram muito criança, eu
tenho um irmão que já faleceu e duas irmãs e mais três irmãos atualmente.
- Como você descobriu sua vocação?
Eu estava no colégio militar, em Angra dos Reis, e lá tive uma atuação bastante intensa junto ao serviço de assistência religiosa junto com o capelão do colégio. E ao mesmo tempo nesse período, quando eu me encontrava de férias eu atuava em novos trabalhos pastorais, na paróquia em Carmo do Rio Claro (MG). E foi nesse período que surgiu o desejo mesmo de ser religioso, engraçado que desde o começo eu já pensava nisso, em ser religioso.
Inicialmente eu procurei os jesuítas no Rio de Janeiro. Fui
acompanhado pelos jesuítas por um tempo. Depois eu tive meu primeiro contato
com os Agostinianos, que foi através do frei Antônio Garciandia no Rio de
Janeiro, um dia eu estive lá no colégio Santo Agostinho.
Depois fiquei conhecendo os agostinianos na época da província Santa Rita de Cássia que tinha uma casa em Franca. E acompanhado por eles, no final, eu acabei entrando no seminário.
- Neste período da formação religiosa, tem as pessoas que
se tornam religiosas e vestem o hábito mas não se tornam presbitérios, como
isso ocorreu com você?
Dentro de uma ordem religiosa como a nossa dos Agostinianos Recoletos
existem essas duas possibilidades, de ser religioso e ter os votos de pobreza,
castidade e obediência e permanecer como irmão, nós temos alguns que são
irmãos, e existe depois também a possibilidade de seguir pela via sacerdotal, de
receber o sacramento da ordem e ser um presbítero dentro da ordem.
No meu caso, por exemplo, quando eu terminei os estudos de
teologia na época, pedi ao provincial para permanecer um tempo como irmão,
porque existe essa possibilidade que para mim é um valor muito grande dentro da
igreja, um valor que está se perdendo.
Algumas ordens religiosas e congregações que são
exclusivamente de irmãos e que às vezes não têm presbítero, isso está desaparecendo,
exatamente porque é uma vocação hoje um tanto rara, se privilegia muito a
vocação presbiteral e muitas vezes muito pouco a vocação dos irmãos.
Mas dentro de uma ordem religiosa e de uma congregação são
duas possibilidades.
- Isso se dá por causa dessa tendência moderna de querer
aparecer?
Muito provavelmente, existe muitas vezes aquela mentalidade também,
hoje menos mas até não muito tempo atrás, de que os irmãos nas ordens
religiosas ocupavam apenas funções secundárias, pode até ser isso, funções que
não aparecem muito, o que não quer dizer que elas serão menos importantes.
Então nós temos hoje alguns irmãos que eles têm toda a
formação filosófica e teológica de um presbítero e estão aí trabalhando,
ocupando, trabalhando na promoção vocacional, ajudando na administração das
obras sociais, enfim, é uma vocação que dentro da igreja tem o seu lugar.
- Que conselho você daria para um jovem que está no início
da jornada, desde o descobrimento vocacional até depois com aquele esforço de
inicial de estudos?
O discernimento vocacional não é tão simples e tão fácil, muitas
vezes ele é profundamente angustiante porque trata-se de uma decisão que vai
determinar alguns rumos muito importantes na vida.
Então, todo discernimento vocacional deve ser feito primeiro
sobre muita oração.
Muita oração, orientação de alguém, no caso o promotor
vocacional, o padre do lugar, enfim, ter uma outra pessoa que possa estar
ajudando nessa orientação vocacional, mas o essencial é muita, muita oração.
- Agora gostaríamos de saber algumas curiosidades sobre Frei
Sérgio, quais são seus hobbies e o que faz no tempo livre que na vida de um religioso
costuma ser escasso?
Eu sempre gostei muito de ler. Leitura sempre foi um hobby
para mim desde muito criança, minha infância foi de muita leitura. Quando
criança eu li praticamente toda a coleção do Sítio do Picapau Amarelo, por
exemplo, livros de contos de fada, Contos dos Irmãos Grimm, Contos de Andersen,
vibrava com esses contos, sempre gostei muito de livros de literatura.
Então esse é um dos meus hobbies preferidos, a leitura. O estudo pessoal também, além da formação filosófica, teológica, eu tenho formação na área de história, com graduação, mestrado e doutorado em história. Essa é uma das áreas pela qual eu sou muito apaixonado mesmo. Eu gosto, é um pouco angustiante também, a história não tem somente coisas boas e bonitas do passado. Mas é uma área que me encanta.
Existe também o contato com a natureza. Eu gosto muito desse
contato com a natureza também, o ambiente de montanha e o ambiente de silêncio.
No caso de uma área de praia, por exemplo, uma das coisas que
eu mais gosto é de escutar o barulho do mar. Isso me encanta.
- Como você se sentiu quando você soube que viria para a
Vitória? Você já conhecia a cidade antes? E como você espera que seja aqui o
seu serviço na nossa Paróquia Santa Rita?
Eu conheço Vitória pelo menos desde 1988, quando eu vim para
o noviciado que seria na fazenda do centro de Castelo, antes de ir para o
noviciado eu fiquei aqui em Vitória alguns dias.
Estive aqui em Vitória várias outras vezes, de vez em quando
eu passava férias aqui, escolhia Vitória exatamente por conta do ambiente, do
clima e da vontade de conhecer o Espírito Santo.
A gente já fez alguns roteiros aqui, desde as praias do
norte até as praias do sul, depois o interior.
Eu acho o Espírito Santo um estado muito encantador, eu
gosto muito daqui. É um estado que eu enxergo ter um potencial tremendo, se
devidamente explorado, tem um potencial turístico, tem beleza naturais das mais
diversas e muito próximas, acho que poderia ser mais bem explorado.
Na área de história, então, tem uma riqueza histórica
tremenda aqui.
Então, Vitória é um lugar que eu já conhecia e foi uma boa
notícia quando eu soube que viria para cá, tenho algumas expectativas tanto de
trabalho pastoral quanto de pesquisa histórica.
Tem aí uma questão que envolve também as proximidades da
Fazenda do Centro, da época dos Jesuítas, que é algo que eu ainda pretendo
explorar um pouco mais em termos de pesquisa histórica.
E aqui no trabalho pastoral, dentro daquilo que eu puder
colaborar, estou à disposição.
- Quais foram as primeiras impressões sobre a nossa Paróquia
e como morador da nossa cidade?
Desde que eu cheguei aqui, porque antes eu vinha somente para
passear, eu não estava tão envolvido com o trabalho pastoral. A gente já tinha
um certo conhecimento da Paróquia, uma coisa é você ter notícias e outra coisa
é você já começar a estar envolvido nos trabalhos aqui.
É uma paróquia muito dinâmica com muitos trabalhos, existe
uma demanda pastoral muito grande graças a Deus.
É um povo assíduo em termos de religiosidade, isso é raro numa
capital, numa cidade moderna, digamos assim.
A gente ter igrejas com tanta presença e assiduidade como a
gente vê aqui, isso é raro.
Nós vivemos no mundo cada vez mais secularizado, cada vez
mais urbano, menos religioso e às vezes até avesso ao religioso, ao sagrado e
tudo mais.
E aqui não, é uma população que, felizmente, preserva muito
de seus valores religiosos e espirituais, é claro que isso cria toda essa
demanda, até mesmo na busca dos sacramentos e da orientação espiritual.
Isso é algo que se distingue e muito de outros lugares.